Refúgio, parte 1

(Publicado por Mr. White em , 4/11/2010 03:39:00 da manhã)

Corro assustado por entre as folhagens. Já perdi a noção do tempo e da distância que já percorri. Estarão ainda no meu encalço? Será que os consegui despistar? Mesmo após sentir o aço das suas espadas dilacerar o meu corpo, ainda consigo correr pela minha vida. Espero que não me tenham atingido nenhum órgão vital, ou a minha fuga não será muito proveitosa.
Custa-me manter-me acordado e por várias vezes quase que perco os sentidos. Já não oiço ninguém atrás de mim mas a adrenalina empurra-me em frente, mesmo que sinta a minha carne ser rasgada por ramos e espinhos da vegetação.
Chego a um descampado e decido me abrigar numa cabana de madeira que se encontra abandonada. Se a exaustão não tivesse levado a melhor, repararia certamente que este esconderijo é o mais óbvio que eu poderia escolher e onde procurariam primeiro, certamente.
Mas o meu corpo não aguenta mais e atiro-me para o chão da cabana tentando arrastar-me até um local menos visível do exterior. Todos os sons são abafados pela minha respiração ofegante e ensurdecedora que começa aos poucos, enfim, a acalmar, dando lugar ao silêncio que se faz notar.
Passam-se alguns minutos até que eu consiga começar a acreditar que tenho uma chance de sobreviver. A adrenalina continua a tomar conta do meu corpo e quase consigo ouvir o meu coração a bater.
Subitamente, no meio do silêncio, oiço um barulho de algo a mover-se. Mas esse som não vem do exterior mas do interior da cabana, como se algo tivesse finalmente decidido dar-se a conhecer. Viro-me assustado e vejo alguém a levantar-se de um monte de feno, deixando-me perplexo em como não havia notado antes a sua presença.
Com as poucas forças que me restam empurro o meu corpo para trás, com as pernas, a tentar colocar-me o mais distante do vulto que caminha sorrateiramente em minha direcção. O meu coração bate cada vez mais alto enquanto me afasto, e ainda mais alto enquanto o vulto ganha terreno até mim. Finalmente consigo vislumbrar a cara de uma mulher, mais bela do que algum sonho alguma vez me presenteou. O meu corpo e o meu coração começam a ser envolvidos num manto de serenidade e conforto, e sinto finalmente a segurança para me permitir entrar no berço da escuridão e finalmente descansar.

Abro os olhos e lembro-me dos horrores a que consegui escapar. Levanto o tronco em sobressalto e sinto dores que impedem o movimento de ter a rapidez desejada. Agarro o peito com uma das mãos para tentar aliviar o sofrimento e noto que várias partes do meu corpo foram ligadas com pedaços de tecido branco rasgado, e o meu corpo limpo e tratado. As minhas roupas estão amontoadas a meu lado bem como a minha espada cuidadosamente colocada em cima delas. Por cima de mim está o resto do que parece ser um veu branco a servir de lençol.
Oiço a chuva a cair lá fora e a mulher que antes estava dentro da cabana já não se encontra ali. Teria cuidado de mim e fugido de seguida?
Tento me levantar aos poucos e utilizo o véu para tapar o melhor possível a minha nudez. Consigo manter-me em pé mas coxeio e cambaleio lentamente até à porta, tentando que a necessidade de saber o que se passa à minha volta supere as dores inacreditáveis que sinto. A claridade do exterior cega-me momentaneamente até que consigo ver, através da chuva, as formas das árvores e arbustos que rodeiam a clareira, bem como a cerca de madeira apodrecida. Mais para o centro da clareira, em frente à casa, algo se move e que os meus olhos não conseguem bem perceber o que é.
Quando finalmente consigo obter uma imagem bem definida, o meu queixo cai para me deixar boquiaberto. Nada na minha mente me preparava para aquela visão. A mulher que eu avistara antes na cabana, e que tratou das minhas feridas, estava agora completamente nua, debaixo de chuva torrencial, em pé, no meio da clareira. Pode ser do meu estado, mas sou capaz de jurar que o corpo dela está envolto num aura azul que a protege da chuva e sobre a qual os salpicos de chuva parecem dissolver-se.
De seguida vejo-a a movimentar-se lentamente e harmoniosamente, movendo os braços e o corpo, como se estivesse a dançar. Fico totalmente hipnotizado.

(Continua...)

5 comentários:

Anónimo disse... @ 11 de abril de 2010 às 15:18

Obgda pelo comentário e por seguir meu blog.
Vc é mto bem vindo !!!
Gostei mto do que li até agora.
Aguardo ansiosa a continuação
Bjsssssssssss

Anónimo disse... @ 11 de abril de 2010 às 17:20

Muito bonito,,,espero ler o resto.
um beijo

Libertya... disse... @ 11 de abril de 2010 às 21:55

Gostei muito... Vou esperar o desenrolar.
Bj libertyo

JCA disse... @ 11 de abril de 2010 às 23:59

tu vê lá por onde andas metido... a fugir hummmm...


então a moça despiu-te e fez os devidos tratamentos e depois tu tapas-te? olha que já não tens nada a esconder :P

continua que vais bem :-)

Mr. White disse... @ 16 de abril de 2010 às 11:43

Ehehe... obrigado pelos comentários:P

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